domingo, 11 de outubro de 2009


Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho, quando a tarde engolia aos poucos as cores do dia e despejava sobre a terra os primeiros retalhos de sombra, eu vi que Deus veio assentar-se perto do fogão de lenha da minha casa. Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça e buscou um copo de água no pote de barro que ficava num lugar de sombra constante. Ele tinha feições de homem feliz, realizado. Parecia imerso na alegria que é própria de quem cumpriu a sina do dia e que agora recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe. Eu o olhava e pensava: como é bom ter Deus dentro de casa! Como é bom viver essa hora da vida em que tenho direito de ter um Deus só pra mim, cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos, puxar a caneta do seu bolso e pedir que ele desenhasse um relógio bem bonito no meu braço. Mas aquele homem não era Deus. Aquele homem era meu pai. E foi assim que eu descobri que meu pai, com o seu jeito finito de ser Deus, revela-me Deus com seu jeito infinito de ser homem.


Pe. Fábio de Melo

Um comentário:

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