domingo, 27 de setembro de 2009

A História da Avó

Era uma vez uma mulher que tinha feito pão. Ela disse à filha: “Leve este pão quentinho e esta garrafa de leite à casa da vovó.”
A menina partiu. Na encruzilhada encontrou um lobo, que perguntou: “Para onde está indo?”
“Estou levando um pão quentinho e uma garrafa de leite para a casa da vovó.”
“Que caminho vai pegar,” perguntou o lobo, “o caminho das folhas de pinheiro ou o caminho das pedras?”
A menina se divertiu catando folhas de pinheiro. Nesse meio tempo, o lobo chegou à casa da vovó, matou-a, pôs um pouco da carne dela na despensa e uma garrafa com o sangue na prateleira. A menina chegou lá e bateu à porta.
“Empurre a porta”, disse o lobo. “Está presa com uma palha molhada.”
“Olá, vovó. Estou trazendo um pão e uma garrafa de leite.”
“Ponha na despensa, minha filha. E traga um pouco da carne que há lá com a garrafa de vinho que está na prateleira.”
Havia um gatinho na sala que a espiou comer e disse: “Eca! É preciso ser uma porca para comer a carne e beber o sangue da vovó.”
“Tire a roupa, minha filha”, disse o lobo, “e venha para a cama comigo.”
“Onde deveria pôr meu avental?”
“Jogue-o no fogo, minha filha. Não vai precisar mais dele.”
Quando ela perguntou ao lobo onde pôr todas as suas outras coisas, seu corpete, seu vestido, suas meias, a cada vez ele respondeu: “Jogue-os no fogo, minha filha. Não vai precisar mais deles.”
“Oh, vovó, como você está peluda!”
“É para melhor me aquecer, minha filha!”
“Oh, vovó, que unhas grandes você tem!”
“É para melhor me coçar, minha filha!”
“Oh, vovó, que ombros grandes você tem!”
“É para melhor carregar lenha, minha filha!”
“Oh, vovó, que orelhas grandes você tem!”
“É para escutar você melhor, minha filha!”
“Oh, vovó que narinas grandes você tem!”
“É para melhor cheirar meu rapé, minha filha!”
“Oh, vovó, que boca grande você tem!”
“É para comer você melhor, minha filha!”
“Oh, vovó, estou muito apertada. Deixe-me ir lá fora!”
“Faça na cama, minha filha.”
“Não, vovó, quero ir lá fora.”
“Está bem, mas não demore.”
O lobo amarrou na perna da menina um cordel feito de lã e deixou-a ir lá fora.
Quando saiu, a menina amarrou a ponta do cordel a uma ameixeira no quintal. O lobo ficou impaciente e disse: “O que está fazendo aí fora? O que está fazendo?”
Percebendo que não havia resposta, ele pulou da cama e descobriu que a menina escapara. Seguiu-a, mas só chegou à sua casa quando ela já estava lá dentro.


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Contado por Louis e François Briffault em Nièvre, 1885.
Publicado originalmente por Paul Delarue em "Les contes merveilleux
de Perrault et la tradicion populare", Bulletin Folklorique de l'Ilê-de-France (1951): 221-2.

Um comentário:

  1. Versões e mais versões, adoro esses contos de fadas...



    Acho que li esse num livro de capa vermelha, organizado por uma tal de Maria Tatar.

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